Em um caso que abalou o país, Tiago Ricardo Felber, de 40 anos, confessou ter jogado seu próprio filho, Théo Ricardo Ferreira Felber, de apenas 5 anos, de uma ponte no município de São Gabriel, no Rio Grande do Sul. O crime, ocorrido na tarde da última terça-feira (25), gerou indignação nacional e acendeu o alerta para possíveis falhas na proteção de crianças em situações de risco.
No entanto, o que mais impressiona é que essa não foi a primeira vez que Felber tentou assassinar o filho. De acordo com as investigações conduzidas pelo delegado Daniel Severo, responsável pelo caso, na noite anterior ao crime, o homem já havia tentado matar Théo por esganadura, mas a tentativa não teve sucesso. Apesar desse alerta claro de perigo, nenhuma medida foi tomada a tempo de impedir o desfecho trágico no dia seguinte.
A Vingança Como Motivo do Crime
Segundo informações divulgadas pela polícia, Tiago Ricardo Felber teria agido movido por vingança contra a mãe da criança, sua ex-companheira. Após o fim do relacionamento, ocorrido em novembro do ano passado, Felber teria alimentado sentimentos de ódio, chegando a arquitetar um plano para matar tanto a mulher quanto seu novo companheiro. No entanto, a raiva acabou sendo canalizada para o próprio filho, uma atitude que choca ainda mais pelo nível de crueldade envolvido.
Antes de cometer o crime, imagens de câmeras de segurança registraram Felber circulando de bicicleta com Théo por cerca de três horas, indicando que a ação foi premeditada. Em um comportamento frio e calculista, o homem procurava um local ideal para realizar o ato, demonstrando que não se tratou de um impulso momentâneo, mas sim de algo planejado.
Após jogar a criança da ponte, Felber se dirigiu até a sede da Brigada Militar e confessou o crime. Segundo os policiais que o receberam, ele não demonstrou arrependimento, apenas justificou que queria que sua ex-mulher “sofrêsse e se arrependesse”.
Sinais Ignorados: Como Esse Crime Poderia Ter Sido Evitado?
A principal questão que emerge desse caso é: como um homem que já havia tentado matar o próprio filho horas antes não foi impedido de estar com a criança novamente? Segundo relatos, Théo morava com a mãe na cidade de Nova Hartz, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e estava passando um período de visitas com o pai.
Se as tentativas de assassinato fossem identificadas e denunciadas com urgência, medidas protetivas poderiam ter sido aplicadas, impedindo que Théo voltasse a ficar sob os cuidados de Felber. A ausência de ação nesse sentido levanta questões sobre a eficácia do sistema de proteção infantil e a capacidade das autoridades e familiares em identificar e intervir diante de sinais de perigo iminente.
Além disso, especialistas destacam que casos de violência contra crianças muitas vezes são minimizados até que uma tragédia ocorra. A falta de protocolos mais rígidos para retirada da guarda de pais violentos, bem como a subnotificação de agressões anteriores, pode ser um fator determinante para que crimes dessa natureza se repitam.
Uma Tragédia Que Deixa Marcas Profundas
A morte de Théo não apenas abala seus familiares e amigos, mas também expõe uma fragilidade social que precisa ser enfrentada com urgência. A Prefeitura de São Gabriel emitiu uma nota oficial lamentando profundamente a perda do menino, que era aluno da EMEF Imigrante, e prestando solidariedade à família.
Enquanto a investigação segue para determinar se a criança faleceu no impacto da queda ou antes, a sociedade se pergunta: quantas outras tragédias como essa precisarão acontecer antes que sinais de alerta sejam levados a sério?
